Fraude da propaganda do PT

Bolsa Família
Comecemos pela fraude das fraudes da propaganda petista, a questão do Bolsa Família. É um descaramento sem tamanho. Diz o PT que o governo Lula atende 9 milhões de famílias e que o Bolsa Família nem sequer existia no governo FHC.

Aos fatos e nada além deles.

O Bolsa Família é a Rede de Proteção Social criada no governo FHC, mas rebatizada, o que é uma especialidade do governo Lula.

O que o governo petista executou “a mais” foi a unificação administrativa de quatro programas já existentes (Bolsa Escola, Auxílio Gás, Bolsa Alimentação e Cartão Alimentação). Aliás, diga-se em alto e bom som, essa unificação foi recomendada pelo governo FHC aos técnicos do PT que participaram das reuniões do governo de transição, em outubro e novembro de 2002, em Brasília, no Centro Técnico do Banco do Brasil. Recomendação que os técnicos e especialistas em programas sociais do PT achavam mais do que correta – como Ana Fonseca –, mas que Lula rejeitou.

Isso mesmo, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito optou pela reinvenção da roda e anunciou, à revelia de tudo e de todos os assessores, que o seu governo ia ter um tal de Fome Zero, um negócio soprado ao ouvido pelo marqueteiro Duda Mendonça. Foi o primeiro dos muitos truques explícitos de Lula.

Tal qual o truque da LDO de 2006, aquela que falava em tabelar as despesas correntes em 17% e a carga tributária em 16% do PIB. Na LDO de 2007, foi tudo para o espaço. A consistência das políticas públicas do governo Lula assemelha-se a uma gelatina que desmancha fácil.

Lula enunciou o disparate do Fome Zero com todas as letras na primeira entrevista concedida em um hotel, em São Paulo, depois de eleito. Seu programa de governo, afirmou, teria cinco prioridades: as reformas previdenciária, trabalhista, sindical e tributária, além do Fome Zero.

Olhem em retrospecto no que deram as prioridades: a reforma tributária está por fazer, a reforma previdenciária deu em nada, xongas de reforma trabalhista e xongas de reforma sindical.

O Fome Zero foi abandonado no décimo mês de governo. Atolado, o governo Lula recuperou as recomendações da transição, resgatou Ana Fonseca, unificou os quatro programas da rede de proteção social e, para disfarçar o fato de que estava adotando o programa de FHC, rebatizou-a de Bolsa Família. Sem tirar nem pôr.

Mesmo diante de tamanha evidência, munido de uma ilimitada cara-de-pau, o PT leva ao ar a “informação” que o governo Lula atende 9 milhões de famílias e que no governo FHC o Bolsa Família nem existia (!!!). Basta perguntar ao telespectador-eleitor quem atendia 5 milhões de famílias antes de Lula chegar ao poder, em 1º de janeiro de 2003.

Empregos mil
No salário mínimo, o PT fala em R$ 200, no governo FHC, contra R$ 350 no governo Lula.

A correção do salário mínimo no tempo dos tucanos o gato petista comeu. Mas nada é tão deslavado como a conta dos milhares de empregos criados no governo do PT. Já expliquei esse truque em um texto que publiquei (clique aqui para ler o texto) no dia 23 de agosto do ano passado. Está ali a conta dos 4 milhões de empregos criados em 39 meses pelo governo Lula, contra os 700 mil criados pelo governo FHC em 96 meses.

Já é um equívoco tratar do nível de emprego usando o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.

Quem mede nível de emprego são as pesquisas do IBGE e do Dieese. O Caged revela mais o ritmo de empregos formalizados.

Outro problema: a metodologia da contabilização dos empregos formalizados e registrados no Caged mudou em 2002, último ano do governo FHC.

Pela metodologia antiga, de 1995 a 2001, a média mensal foi de míseros 411 empregos formalizados.

No último ano da gestão tucana, 2002, o Caged registrou, pela nova metodologia, mais de 63,5 mil empregos.

O governo Lula soma a média da antiga metodologia (411) com o ano de 2002 (63,5 mil) e atribui uma média de 8 mil empregos/mês criados no governo FHC – vezes 96 meses dá os tais cerca de 700 mil da propaganda petista.

Na gestão petista, onde só vale a nova metodologia, a média fica em 112 mil empregos, que, multiplicados por 39 meses do governo Lula, resultam nos tais 4 milhões.

Já que o marqueteiro do PT, com consentimento do Planalto, partiu para a fraude, então é lícito concluir que o governo FHC criou nos oito anos de gestão cerca de 7 milhões de empregos.

Que fartura é essa? Ora, é a multiplicação dos 63,5 mil empregos gerados em 2002 e registrados pela nova metodologia do Caged pelos 96 meses de governo FHC. É fraude. Não a recomendo a ninguém, mas que o truque petista é esse não há dúvida alguma.

Alguém pode contestar o que está escrito aqui? Que tente, quero ver! Da fraude eleitoral à fraude da governança e a caminho de uma nova fraude eleitoral. É a sina: de fraude em fraude...

Rui Nogueira